O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, através da Escola Judiciária Eleitoral, realizou nesta segunda, 29, a terceira edição do Projeto Inclusão Social na Política do Café Cultural, com o tema “Mulher na Política”. O debate contou com as presenças da Ministra Luciana Christina Guimarães Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral; da Desembargadora Regina Helena Afonso de Oliveira Portes, do Tribunal de Justiça do Paraná; e da Professora Doutora Luciana Panke, da Universidade Federal do Paraná. O evento foi conduzido pelo Desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, Presidente do TRE-PR.

A Ministra Luciana Lóssio iniciou o debate discorrendo sobre a representação da mulher na política, indicando dados estatísticos alarmantes relacionados ao tema. Segundo a Ministra, embora o Brasil figure atualmente entre as dez maiores economias do mundo, esse cenário não se repete no que tange à participação da mulher na política. Em uma lista de aproximadamente 190 países democráticos existentes, o Brasil ocupa apenas a 154ª posição. Os dados impressionam também quando comparados com os países integrantes das Américas do Norte, Central e do Sul, uma vez que o Brasil aparece à frente somente de Belize e Haiti. Por fim, analisou os avanços e retrocessos da legislação eleitoral referente ao tema e defendeu, dentre outras medidas, ações afirmativas para mudar essa situação, assim como a maior rigidez na aplicação da lei eleitoral, sobretudo quando houver interpretações que possam atentar contra os direitos já conquistados pelas mulheres.

A Desembargadora Regina Portes, por sua vez, questionou o motivo pelo qual as mulheres não participam da política, além de relatar os empecilhos encontrados ao longo de sua carreira, especialmente por ter sido a primeira mulher a se tornar Desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná, bem como a exercer a Presidência da Corte Eleitoral, cargos, até então, restritos aos homens.

Na esteira da indagação da Magistrada, a Professora e Escritora Dra. Luciana Panke, com base em estudos e relatos de mulheres de 14 países, revelou os obstáculos que contribuem para a diminuta participação feminina na política. Nesse contexto, a Professora afirma que é necessária muita coragem por parte das mulheres, visto que há uma exposição pública excessiva, se comparada aos homens, pois são julgadas pela sociedade com freqüência, inclusive em relação a aspectos triviais como, por exemplo, a vestimenta usada. Outros entraves relatados pela Docente são a ausência da mulher nas funções de direção dos partidos políticos e o descrédito no atual panorama político, além, é claro, do famigerado preconceito.

Essa foi a última edição do Projeto Inclusão Social na Política, encerrando a trilogia que debateu, nas edições anteriores, os temas “Negritude e Participação Política” e “Diversidade na Política”.