Memórias Eleitorais: As urnas antes da urna eletrônica
Antes do advento da urna eletrônica, as cédulas de votação eram depositadas em urnas de madeira e de lona

As duas maiores preocupações da Justiça Eleitoral, desde sua instalação, em 1932, foram com a segurança e a inviolabilidade do voto. Consequentemente, sempre se fez necessária a utilização de urnas adequadas para garantir esses objetivos.
Inicialmente eram utilizadas, desde o período imperial, urnas de madeira, que permaneceram em uso até meados da década de 1950.
Pesadas e de difícil armazenamento, manuseio e transporte, o
s votos nelas eram depositados em uma abertura na parte superior e retirados pela parte inferior, onde havia uma espécie de alçapão com fechadura.
Além disso, as urnas de madeira podiam ser facilmente abertas, quebradas ou queimadas.

Urna de madeira
P
ara superar essas dificuldades foram criadas urnas confeccionadas em lona, material bem mais leve e que contava com
um
mecanismo de metal em sua tampa superior, onde havia uma abertura para o depósito das cédulas de votação e uma chave para seu fechamento. A adoção dessas urnas de lona tornou possível a padronização nos modelos utilizados à época.
A estreia da urna de lona ocorreu nas Eleições de 1955 e foi o resultado de um concurso lançado em 1954 pelo então presidente da República Getúlio Vargas. Mais de dez mil protótipos foram inscritos e o modelo vencedor foi o de uma urna de lona branca fechada por um zíper em uma das laterais.

Urna de lona
Ocorreu então algo inesperado. Um outro modelo, criado por Abílio Cesarino, natural da Itália e que veio para o Brasil com seus pais quando tinha apenas um ano de idade. Ele era dono de uma pequena fábrica de malas e carteiras na cidade de Jaú, no interior de São Paulo.
Abílio ficou sabendo do concurso e desenvolveu, após muitos experimentos, uma urna de lona bem grossa, imune a rasgões, com tampa móvel que podia ser fechada a chave e lacrada. Esse modelo não teria como ser violada sem deixar vestígios. Além disso, era retrátil, tipo uma sanfona, de fácil transporte e estocagem. A urna perfeita para aquela época. Porém, ele perdeu o prazo de inscrição para o concurso.

Urna de lona aberta
Mas Abílio não se deixou abater, procurou a direção do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e provou que o modelo vencedor poderia ser violado com muita facilidade, diferente da urna que ele havia criado que tinha uma tampa fechada a chave e lacre inviolável. Seguramente, segundo ele, a melhor opção a ser adotada pela Justiça Eleitoral.
Os argumentos de Abílio Cesarino fizeram com que o modelo vencedor do concurso fosse exaustivamente testado, o que comprovou sua fragilidade. Foi então aberta uma nova concorrência e a urna de lona de Abílio saiu vencedora. Ele produziu mais de cinco mil unidades, as doou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e impôs duas exigências, devidamente atendidas: que 70 delas fossem enviadas à Jaú e que a cidade fosse a primeira a usá-las em uma votação.
As urnas de lona foram utilizadas pela Justiça Eleitoral de 1955 até as eleições de 2000, quando todo o eleitorado nacional passou a votar em urnas eletrônicas. Foram 45 anos de bons serviços prestados à democracia brasileira recebendo e guardando em segurança os votos das eleitoras e eleitores do Brasil no dia mais importante para o exercício da cidadania de um país .
Texto: Marden Machado
Revisão: Melissa Medroni e Beatriz Tedesco
Imagens:
Bernardo Gonzalez
Coordenação: Rubiane Barros Barbosa Kreuz
CCS/TRE-PR
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